— Nunca
mais me assuste desse jeito! — Callie reprimiu Luce na tarde
de quarta-feira.
Foi
logo depois do pôr do sol, e Luce estava dobrada dentro do cubículo telefônico
da Sword & Cross, um confinado minúsculo no meio da área do escritório
frontal. Estava longe de ser privado, mas ninguém estava ali vadiando. Seus
braços continuavam doloridos por causa da detenção do dia anterior no
cemitério, o orgulho dela continuava ferido da fuga de Justin no instante em
que eles foram puxados para baixo da estátua. Mas por quinze minutos, Luce
estava tentando tirar tudo aquilo de sua mente para absorver cada palavra
alegremente frenética que sua melhor amiga poderia cuspir para fora no tempo
repartido. Era tão bom ouvir a voz estridente de Callie que Luce nem ligava que
ela estivesse gritando.
— Nós
prometemos que não nos ficaríamos sem nos falar nem uma hora — Callie
continuou, acusadora. — Eu pensei que alguém te comeu
viva! Ou então eles talvez te prenderam na solitária em uma dessas camisas de
força que você tem que mastigar através da manga para coçar seu rosto. Por tudo
que eu sei, você poderia ter caído num desses nonos círculos de...
— Okay,
mãe — Luce disse, rindo e exercendo o papel de instrutora de respiração
de Callie. — Relaxe.
Por um
milésimo de segundo, ela se sentiu culpada por não ter usado sua única ligação telefônica
para ligar para sua mãe de verdade. Mas ela sabia que Callie iria se descabelar
se ela descobrisse que Luce não havia agarrado a primeira oportunidade de
entrar em contato. E de um jeito estranho, era sempre tranquilizador ouvir a
voz histérica de Callie. Era uma das muitas razões que as duas eram uma boa
dupla: a paranoia acima do normal de sua melhor amiga na verdade tinha um
efeito calmante em Luce. Ela poderia apenas visualizar Callie em seu dormitório
na Dover, acariciando seu tapete laranja, com Oxy espalhado sobre sua zona T e espumas
de pedicure separando seus dedos dos pés pintados com esmalte fúcsia ainda
molhado.
— Não me
chame de mãe! — Calle bufou. — Comece a falar. Como são os
outros por aí? São todos assustadores e disparam diuréticos como nos filmes? E
suas aulas? Como é a comida?
Através
do telefone, Luce podia ouvir Roman Holiday tocando ao fundo na TV de Callie. A
cena favorita de Luce sempre foi aquela que Audrey Hepburn acorda no quarto de
Gregory Pack, ainda convencida que a noite anterior foi um sonho. Luce fechou
os olhos e tentou visualizar a cena em sua mente. Mimetizando o sussurro
sonolento de Audrey, ela citou a fala que ela sabia que Callie ia reconhecer:
— “Havia
um homem, ele era tão mal pra mim. Isso era maravilhoso”.
— Okay,
Princesa, é sobre a sua vida que eu quero ouvir — Callie
importunou.
Infelizmente,
não havia nada sobre a Sword & Cross que Luce consideraria descrever como maravilhoso.
Pensando sobre Justin, pela, oh, oitagésima vez no dia, ela percebeu que o
único paralelo entra sua vida e Roman Holiday era que Audrey também tinha um
cara que era agressivelmente rude e desinteressado nela. Luce descansou sua
cabeça sobre o linóleo bege das paredes do cubículo. Alguém havia esculpido as
palavras ESPERANDO MINHA VEZ. Em circunstâncias normais, isso seria quando Luce
falaria tudo sobre Justin para Callie. Exceto, por uma razão, ela não fez.
O que
quer que ela desejasse dizer sobre Justin não seria baseado em nada que realmente
aconteceu entre eles. E Callie sempre foi boa em fazer os garotos perceberem o
quanto eram dignos de você. Ela gostaria de saber coisas sobre como quantas
vezes ele abriu a porta para Luce ou se ele tinha percebido quão bom era seu
sotaque francês. Callie não achava que havia nada de errado com os caras
inexperientes que escreviam poemas de amor que Luce nunca levou a sério. Luce
pensou em várias coisas para dizer sobre Justin. E na verdade, Callie estaria
mais interessada em ouvir sobre alguém como Cam.
— Bom,
tem um cara aqui — Luce sussurrou para o
telefone.
— Sabia! — Callie
guinchou. — Nome.
Justin. Justin. Luce pigarreou.
— Cam.
— Direto,
sem complicações. Eu posso lidar com isso. Comece do começo.
— Bom,
nada aconteceu ainda.
— Ele
acha que você é maravilhosa e blá blá blá. Eu te disse que o cabelo curto ia te
deixar como a Audrey. Vamos para a parte boa.
— Bem... — Luce
interrompeu.
O som
de passos na sala a calaram. Ela inclinou-se para o lado do cubículo e esticou
seu pescoço para ver quem estava interrompendo os melhores quinze minutos que
ela estava tendo em três dias inteiros.
Cam
estava andando na direção dela.
Falando
do diabo. Ela engoliu as horríveis palavras falhas na ponta de sua língua: Ele
me deu a paleta da guitarra. Ela ainda o tinha dentro do bolso.
O
comportamento de Cam era casual, como se por algum golpe de sorte ele não
tivesse escutado o que ela havia dito. Ele parecia ser o único aluno da Sword
& Cross que não tirava seu uniforme escolar no minuto seguinte que a aula
acabasse. Mas o visual preto-no-preto parecia feito para ele, tanto quanto
fazia Luce parecer a menina do caixa da mercearia.
Cam
estava rodando um relógio de bolso dourado, que balançava a partir de uma longa
cadeia laçada em volta de seu dedo indicador. Luce seguiu aquele brilhante arco
por um momento, um pouco hipnotizada, até que Cam agarrou a face do relógio
para parar em seu punho. Ele olhou para baixo para ver isso, e depois olhou
para ela.
— Desculpe
— seus lábios se contorceram confusos. — Eu
pensei que eu estava com a ligação de sete horas. — Ele
encolheu. — Mas eu devo ter escrito isso errado.
O
coração de Luce pulou quando ela olhou para seu próprio relógio. Ela e Callie
haviam falado apenas quinze palavras uma para a outra – como seus quinze
minutos já podiam ter acabado?
— Luce?
Oi? — Callie parecia impaciente do outro lado da linha. — Você
está sendo estranha. Tem alguma coisa que você não está me contando? Você já me
substituiu por algum cortador de escola reformatória? E o cara?
— Shh — Luce
assobiou no telefone. — Cam, espere — ela
disse, segurando o telefone longe de sua boca. Ele já estava meio caminho da
porta. — Só um segundo. Eu estava... — ela
engoliu — eu estava só me despedindo.
Cam
deslizou seu relógio de bolso para dentro da parte da frente de seu blazer
preto e se duplicou em relação a Luce. Ele ergueu seus olhos castanhos e riu
alto quando ouviu a voz de Callie crescer do telefone.
— Não
pense em desligar. Você não me contou nada! Nada!
— Eu não
quero por ninguém pra fora — Cam brincou, gesticulando para
o telefone que ladrava. — Pegue minha ficha, você pode me
devolver qualquer dia desses.
— Não — Luce
disse rapidamente.
Da
mesma forma que ela queria continuar falando com Callie, ela imaginou que Cam
sentia do mesmo jeito em relação a quem quer que ele fosse telefonar. E diferente
de várias pessoas na escola, Cam não havia sido nada mais que legal com ela.
Ela não queria o fazer abrir mão de seu turno no telefone, especialmente agora,
que ela estava nervosa sobre fofocar com Callie a respeito dele.
— Callie — ela falou,
suspirando no telefone. — Eu tenho que ir. Eu ligo logo
assim que...
Mas
então só havia o vago zumbido do tom de discagem em seu ouvido. O telefone
havia sido programado para ser usado apenas por quinze minutos. Agora ela podia
ver o pequeno contador marcando 0:00 em sua base. Elas nem haviam se despedido
e agora ela teria que esperar mais uma semana inteira para ligar. Horário
estendido na mente Luce é como um abismo sem fim.
— Melhor
amiga? — Cam perguntou, entrando no cubículo ao lado de Luce.
Seus
suas sobrancelhas continuavam arqueadas.
— Eu
tenho três irmãs mais novas, eu posso praticamente cheirar a vibração de
melhores amigas ao telefone.
Ele se
inclinou para frente como se ele fosse cheirar Luce, o que a fez soltar um riso
abafado... E depois congelar. A aproximação inesperada dele fez o coração dela
pular.
— Deixe-me
ver — Cam endireitou-se para trás e levantou o queixo. — Ela
quer saber tudo sobre os bad boys de escolas reformatórias?
— Não!
Luce
sacudiu a cabeça para provar veementemente que caras não estavam na sua mente de
qualquer forma... Até que ela percebeu que Cam estava apenas brincando. Ela
corou e fez uma piada de volta.
— Eu quis
dizer, não há nenhum solteiro bom aqui.
Cam
piscou.
— Precisamente
o que deixa isso tão excitante. Você não acha?
Ele
tinha um jeito de permanecer muito quieto, o que fazia Luce ficar muito quieta,
o que fazia o tique-taque do relógio de bolso dentro do blazer dele parecer
mais alto do que possivelmente poderia ser.
Congelada
próxima de Cam, Luce de repente estremeceu quando alguma coisa preta atacou violentamente
a sala. A sombra parecia jogar amarelinha entre os painéis do teto de um jeito
bem cauteloso, preenchendo um quadrado e depois o outro, e depois o outro.
Maldição. Nunca seria bom estar sozinha com alguém – especialmente alguém que
estivesse centrado nela como Cam estava naquele momento – quando as sombras
vinham. Ela podia sentir espasmos, tentando parecer calma enquanto as sombras
negras giravam em torno do ventilador de teto, dançando.
Sozinha
ela poderia ter resistido. Talvez. Mas as sombras também estavam fazendo os
piores de seus terríveis barulhos, um som que Luce havia escutado quando ela
viu uma coruja bebê cair de uma árvore e sufocar até a morte. Ela queria que
Cam apenas parasse de olhar para ela. Ela queria que alguma coisa acontecesse
para chamar sua atenção. Ela desejava Justin Bieber.
E então
ele apareceu. Salva pelo maravilhoso cara usando jeans rasgados e uma camiseta
branca surrada. Ele não parecia muito com a salvação – desleixado sobre sua
pesada pilha de livros da biblioteca, olheiras cinzas embaixo de seus olhos cor de mel. Justin parecia estar meio acabado. Seu cabelo dourado caía encima de seus
olhos, e quando eles se fixaram em Luce e Cam, Luce os viu se estreitarem. Ela
estava tão ocupada se lamuriando sobre o que havia feito para incomodar Justin dessa
vez, que nem percebeu a coisa momentânea que aconteceu: um segundo depois que a
porta se fechou atrás dele, as sombras deslizaram sobre a porta e foram para a
noite. Era como se alguém houvesse tirado um vácuo e limpado toda a sujeira da
sala.
Justin apenas assentiu em sua direção e não desacelerou enquanto ele passava.
Quando
Luce olhou para Cam, ele estava observando Justin. Ele se virou para Luce e
disse, mais alto do que o necessário:
— Eu
esqueci de te dizer. Terá uma pequena festa no meu quarto essa noite depois da
social. Eu amaria se você fosse.
Justin continuava escutando. Luce não fazia ideia do que era essa social que todo
mundo ficava resmungando sobre, mas ela supostamente tinha que encontrar com
Penn depois. Elas supostamente tinham que andar juntas.
Seus
olhos estavam fixos na nuca de Justin, e ela sabia que tinha que responder a Cam
sobre sua festa, e isso não deveria ser tão difícil, mas quando Justin se virou
e olhou para ela com um olhar que ela jurava ser cheio de lamentos, o telefone
atrás dela começou a tocar, e Cam o alcançou e disse:
— Eu
tenho que atender, Luce. Você estará lá?
Quase
imperceptivelmente, Justin assentiu.
— Sim — Luce
disse para Cam. — Sim.
***
— Eu continuo
sem saber porque temos de correr.
Luce
estava ofegando vinte minutos depois. Ela tentou alcançar Penn quando elas se
misturaram através da área comum do auditório para a misteriosa Social de
Quarta-feira à Noite, que Penn ainda não havia explicado. Luce mal teve tempo o
suficiente para subir em seu quarto, colocar gloss e seu melhor jeans, apenas
para o caso de ser aquele tipo de social. Ela ainda estava tentando acalmar sua
respiração depois de sua corrida com Cam e Justin quando Penn entrou no seu
quarto para arrastá-la para fora da porta de novo.
— Pessoas
que são cronicamente lentas nunca entendem as várias maneiras que elas estragam
os horários das pessoas que são pontuais e normais — Penn
falou para Luce quando elas espirraram em meio de uma poça em particular no
gramado.
— Ha!
Uma
gargalhada explodiu atrás delas.
Luce
olhou para trás e sentiu seu rosto se iluminar quando ela viu o corpo magro e
pálido de Ariane se juntar à elas.
— Qual
charlatão disse que você é normal, Penn? — Ariane
cutucou Luce e apontou para baixo. — Atenção
para a areia movediça!
Luce
patinou e parou um pouco antes de ficar aterrada em um trecho lamacento do
terreno.
— Alguém
por favor me diz onde a gente está indo!
— Noite
de quarta — Penn disse terminantemente. — Noite
social.
— Como...
um baile ou algo assim? — Luce perguntou, visões de Justin e Cam de movendo pela pista de dança de sua mente.
Ariane
piou.
— Uma
dança com morte por tédio. O termo 'social' é típico do duplo sentido da Sword
& Cross. Veja, eles requerem planejar eventos sociais pra gente, mas eles
também ficam aterrorizados com eventos sociais para nós. Escolha difícil.
— Então
em vez disso — Penn continuou — eles tem esses horríveis
eventos como seções pipocas seguidas por palestras sobre os filmes, ou – Deus,
você se lembra do último semestre?
— Que
teve aquele simpósio inteiro sobre taxidermia?
— Tão,
tão arrepiante — Penn sacudiu a cabeça.
— Essa
noite, minha querida — Ariane a puxou — nós
caímos fora fácil. Tudo o que nós temos que fazer é roncar durante um dos três
filmes em exibição na videoteca da Sword & Cross. O que você acha que
teremos essa noite, Penny Vadia? Starman? Joe versus the
volcano? Ou Weekend at Bernie's?
— É Starmen — Penn gemeu.
Ariane
lançou à Luce um olhar perplexo.
— Ela
sabe de tudo.
— Aguenta
firme — Luce disse, na ponta dos pés em volta da areia movediça e
abaixando o volume da sua voz quando se aproximaram da escritório da escola. — Se
vocês todas viram esses filmes tantas vezes pra quê a pressa de chegar lá?
Penn
empurrou as pesadas portas de metal para o “auditório”, enquanto, Luce
percebeu, havia um eufemismo para um quarto normal, velho e com teto baixo
aplainado e cadeiras dispostas à frente de uma parede em branco.
— Não
queira ficar presa no assento quente perto do Sr. Colem — Ariane
explicou, apontando para o professor.
Seu
nariz estava enterrado profundamente dentro de um grosso livro, e ele estava rodeado
pelas poucas cadeiras restantes na sala.
Quando
as três garotas passaram pelo detector de metais na porta, Penn disse:
— Qualquer
um que sentar lá tem que passar a inquéritos sobre a saúde “mental” semanal
dele.
— O que
não seria tão ruim... — Ariane continuou.
— Se você
não tivesse que ficar até mais tarde para analisar os “achados” — Penn
terminou.
— Assim,
em falta — Ariane disse com um sorriso largo direcionando Luce para a
segunda fila enquanto ela sussurrava. — A pós
festa.
Finalmente
elas chegaram no coração do problema. Luce riu.
— Eu ouvi
sobre isso — ela disse, sentindo um pouco com ela para uma mudança. — É no
quarto do Cam, certo?
Ariane
olhou para Luce por um segundo e rolou sua língua sobre seus dentes. Então ela
olhou para além de Luce, quase através dela.
— Ei Todd
— ela chamou, acenando apenas com a ponta dos dedos.
Ela
empurrou Luce para um dos assentos, reivindicou o assento seguro ao lado dela (permanecendo
dois assentos abaixo do Sr. Cole), e afagou o assento quente ao seu lado.
— Venha
sentar conosco, T-Man.
Todd,
que estava mudando o peso do seu corpo no caminho da porta, pareceu
extremamente aliviado de ser direcionado, qualquer direção. Ele começou atrás
delas, engolindo. Tão logo que ele que ele foi atrapalhado para seu lugar, o
Sr. Cole olhou por cima de seu livro, limpou seus óculos em seu lenço e disse:
— Todd,
estou feliz que você está aqui. Eu estava me perguntando se você poderia me
ajudar com um pequeno favor depois do filme. Você pode ver, o diagrama de Venn
é uma ferramenta muito usual para...
— Ruim — Penn
colocou seu rosto entre Ariane e Luce.
Ariane
deu de ombros e tirou um saco gigante de pipoca de sua bolsa de
viagem.
— Eu só
posso olhar por alguns estudantes novos — ela
disse, lançando uma amêndoa amanteigada para Luce. — Sorte
sua.
Enquanto
as luzes da sala se esmaeciam, Luce olhou em volta até seus olhos se
estacionarem em Cam. Ela pensou sobre sua abreviada sessão no telefone com
Callie e como sua amiga sempre disse que assistir um filme com um garoto era o
melhor jeito de saber coisas sobre ele, coisas que talvez nunca viriam a tona
em uma conversa. Olhando para Cam, Luce pensou que ela sabia o que Callie
queria dizer: há algum tipo de emoção em observar pelo canto do olho para ver
qual piada Cam acha divertida, para se juntar a sua risada por si mesma.
Quando
o olho dele encontrou o dela, Luce sentiu um instinto estranho de olhar
distante. Mas então, antes que ela pudesse, a face de Cam se iluminou em um
largo sorriso. Isso fez ela parecer notavelmente perturbada por ser pega
olhando. Quando ele colocou suas mãos num aceno, Luce não ajudou, pensando
sobre como a oposição aconteceu exatamente alguns minutos que Justin tinha
travado seu olhar nele.
Justin entrou com Rolland, tarde o suficiente para que Randy já tivesse contado as
cabeças, tarde o suficiente para que os únicos assentos restantes eram no chão
na frente da sala. Ele passou sobre o feixe de luz do projetor e Luce notou
pela primeira vez a corrente de prata nas costas de seu pescoço e algum tipo de
medalhão enfiado dentro de sua camisa. Então ele mergulhou completamente para
fora de sua visão. Ela não podia nem ao menos ver seu perfil.
Como já
haviam dito, Starman não foi muito legal, mas os outros estudantes fazendo imitações
de Jeff Bridge eram. Foi difícil para Luce focar no enredo. Além disso, ela
estava tendo essa desconfortável sensação congelante atrás de seu pescoço.
Alguma coisa estava prestes a acontecer.
Quando
as sombras vieram dessa vez, Luce estava esperando por elas. Então, ela começou
a pensar sobre isso e contou com os dedos. As sombras estavam aparecendo em um
ritmo cada vez mais alarmante, e Luce não conseguia saber se ela estava apenas
nervosa na Sword & Cross... Ou se isso significava algo a mais. Elas nunca
haviam sido tão ruins assim.
Elas
vazaram por cima do auditório, então deslizaram pelos cantos da tela de
projeção, e finalmente traçaram as linhas do assoalho como tinta derramada.
Luce agarrou o assento de sua cadeira e sentiu o sofrimento causado pelo medo
inchar através de seus braços e pernas. Ela apertou todos os músculos de seu
corpo, mas ela não podia evitar tremer. Um tapinha no seu ombro esquerdo a fez
olhar para Ariane.
— Você
está bem? — Ariane sussurrou.
Luce
assentiu e abraçou seus ombros, fazendo parecer que estava apenas com frio. Ela
desejava que estivesse, mas esse calafrio em particular não tinha nada a ver
com o ar-condicionado superpotente da Sword & Cross.
Ela
podia sentir as sombras rebocando sob seus pés, abaixo da cadeira. Elas
permaneceram assim, paradas pelo filme inteiro, e cada minuto parecia uma
eternidade.
***
Uma
hora mais tarde, Ariane pressionou seu olho contra o olho mágico da porta pintada
de bronze do quarto de Cam no dormitório.
— Yo-hoo — ela
cantou, dando risadinhas. — A alma da festa está aqui!
Ela
tirou um boá de penas rosas da mesma sacola mágica de onde o saco de pipocas
veio.
— Me dê uma
mãozinha — pediu para Luce, colocando um dos pés no ar.
Luce
cruzou suas mãos e os posicionou debaixo das botas pretas de Ariane. Ela
assistiu, enquanto Ariane se empurrava para fora do solo e usava o boá para
cobrir a lente da câmera de segurança do corredor, quando ela chegou em torno
da parte traseira do dispositivo e desligou-o.
— Isso
não é suspeito, ou algo assim? — Penn comentou.
— Seus
fiéis dormem com a pós festa? — Ariane revidou. — Ou a
festa das câmeras?
— Eu só
estou dizendo que há modos mais inteligentes — Penn
bufou enquanto Ariane descia.
Ariane
lançou o boá sobre os ombros de Luce, e Luce riu e começou a vibrar com a
canção de Motown que eles podiam ouvir através da porta. Mas quando Luce ofereceu o
boá para Penn, ficou surpresa por ver que ela continuava nervosa. Penn estava
roendo suas unhas e suando pelas sobrancelhas. Penn vestia seis suéteres no
pantanoso calor sulista de setembro – ela nunca estava com calor.
— O que
está errado? — Luce sussurrou, inclinando-se.
Penn
puxou a ponta de sua manga e deu de ombros. Ela parecia estar prestes a
responder quando a porta atrás deles se abriu. Uma onda de fumaça de cigarro,
jato de música surgiu, e de repente Cam abriu os braços, cumprimentando-as.
— Você
fez isso — ele disse, sorrindo para Luce.
Mesmo
na luz turva, os lábios dele tinham um brilho manchado de cereja. Quando ele a
puxou para um abraço, ela se sentiu minúscula e segura. Isso durou apenas um
segundo; então ele acenou para dar oi para as outras duas garotas, e Luce se
sentiu um pouco orgulhosa por ser a única que ganhou um abraço.
Atrás
de Cam, o pequeno, escuro quarto estava abarrotado de pessoas. Roland estava em
um canto, na mesa giratória, levantando CDs para uma luz negra. O casal que
Luce tinha visto na quadra uns dias atrás estava se agarrando contra a janela.
Os caras estilosos com as camisas oxford brancas estavam todos
amontoados no mesmo círculo, ocasionalmente dando uma olhada nas garotas. Ariane
não perdeu tempo fuzilando através do quarto até a escrivaninha de Cam, que
parecia estar sendo usada como um bar. Quase imediatamente, ela tinha uma
garrafa de champanhe entre suas pernas, e ria enquanto tentava abrir a garrafa.
Luce
estava perplexa. Ela nunca soube como pegar bebidas alcóolicas em Dover, onde o
mundo exterior tinha sido muito menos fora dos limites. Cam estava de volta a Sword
& Cross apenas há poucos dias, mas ainda assim, ele parecia saber como
conseguir tudo que ele precisava para ter uma festa digna de Dioniso, onde a
escola toda apareceu.
Ainda
na entrada, ela ouviu o estalo, então os vivas do resto da multidão e a voz de Ariane
chamando:
— Luciiiiinda
venha cá. Eu estou prestes a fazer um brinde!
Luce
pode sentir o magnetismo da festa, mas Penn parecia menos pronta a se mover.
— Você
vai na frente — ela disse, balançando a mão para Luce.
— O que
há de errado? Você não quer entrar?
A
verdade era que Luce mesma estava um pouco nervosa. Ela não fazia a menor ideia
do que poderia acontecer, e desde que ela não tinha tanta certeza o quão
confiável Ariane era, definitivamente a faria melhor ter Penn ao seu lado.
Mas
Penn fez uma carranca.
— Eu
estou... Estou fora do meu mundo. Eu fico na biblioteca, dou aulas de como usar
o Power Point. Se você precisa hackear alguém, eu sou a garota. Mas isso... — Ela ficou
na ponta dos pés e espreitou para dentro da sala. — Eu não
sei. As pessoas lá dentro pensam que eu sou daquele tipo sabe-tudo.
Luce
lançou para ela o melhor olhar dá-um-tempo.
— E eles
acham que eu sou um bolo de carne, e nós pensamos que eles são totalmente uns
bananas. — Ela riu. — Nós não podemos simplesmente ir
em frente?
Lentamente,
Penn enrolou o lábio, então pegou o boá de penas e enrolou em volta dos seus
ombros.
— Oh,
tudo certo — ela disse, entrando à frente de Luce.
Luce
piscou enquanto seus olhos se ajustavam. Uma cacofonia encheu o quarto, mas ela
podia ouvir as risadas de Ariane. Cam fechou a porta atrás delas e pegou a mão
de Luce, então ela tirou, longe do resto da festa.
— Eu
estou muito feliz que você veio — ele
disse, colocando a mão nas costas dela e inclinando a cabeça, então ela o podia
ouvir no quarto barulhento. Os lábios dele pareciam apetitosos, especialmente
quando ele dizia coisas como “Eu pulava toda vez que alguém batia na porta, esperando
que fosse você."
O que
quer que tenha ligado Cam a ela tão rápido, Luce não queria fazer nada para
mudar isso. Ele era popular e inesperadamente pensativo, e a atenção dele a fez
sentir mais do que lisonjeada. A fez se sentir mais confortável nesse estranho
e novo lugar. Ela sabia se tentasse responder ao seu elogio, iria tropeçar
sobre as palavras. Então apenas riu, o que o fez rir também, então ele a
envolveu em mais um abraço.
De
repente, não havia outro lugar para por as mãos além do pescoço dele. Ela
sentiu um pouco aliviada enquanto Cam a apertava, a fazendo tirar os pés do
chão. Quando ele a colocou de volta, Luce se virou para o resto da festa, e a
primeira coisa que ela viu foi Justin. Mas ela não achava que ele gostava de
Cam. Contudo, ele estava sentado de pernas cruzadas na cama, a camiseta branca
brilhando violeta por causa da luz negra. Logo que seus olhos encontraram os
dele, ficou difícil olhar para alguém mais. O que não fazia sentido, porque um
cara deslumbrante e amigável estava parado logo atrás dela, perguntando o que
ela gostaria de beber.
O outro
cara maravilhoso, infinitamente menos amigável, sentado na frente dela, não podia
ser o único que ela não podia parar de olhar. E ele a estava fitando. Tão
atentamente, com um secreto, furtivo olhar nos seus olhos, que Luce pensou que
nunca ia decodificar, mesmo que o visse centenas de vezes.
Tudo
que ela sabia era o efeito que isso causava nela. Todos os outros na sala
pareciam fora de foco e ela derreteu. Ela poderia ficar olhando de volta toda
noite, se não fosse Ariane, que escalou para o topo da mesa e gritou por Luce,
seu copo erguido no ar.
— Para
Luce — ela brindou, lançando à Luce um sorriso inocente. — Que
obviamente está brisando e perdeu meu discurso inteiro de boas-vindas e que
nunca vai saber o quão fabuloso foi – não foi fabuloso, Ro? — ela
inclinou-se para perguntar a Roland, que acariciou seu tornozelo, afirmando.
Cam
deslizou um copo de plástico cheio de champanhe para a mão de Luce. Ela corou e
tentou rir enquanto o resto da festa ecoava:
— Para
Luce! Para o Bolo de Carne!
Ao lado
dela, Molly deslizou e sussurrou uma versão curta em sua orelha:
— Para
Luce, que nunca vai saber.
Alguns
dias antes, Luce teria vacilado. Essa noite, ela simplesmente rolou os olhos,
então deu as costas para Molly. A garota nunca falara nenhuma palavra que não
fizesse Luce se sentir ofendida, mas mostrar isso só parecia incitá-la. Então
Luce apenas se agachou para compartilhar a cadeira da mesa com Penn, que deu
para ela um cordão de alcaçuz preto.
— Você
pode acreditar? Eu acho que eu finalmente estou me divertindo — Penn falou,
digerindo a alegria.
Luce
mordeu o alcaçuz e tomou um pequeno gole do espumante. Uma combinação não muito
saborosa. Quase como ela e Molly.
— Então,
Molly é esse diabo com todo mundo ou eu sou um caso especial?
Por um
segundo, Penn pareceu que daria uma resposta diferente, mas então ela afagou as
costas de Luce.
— Só o
charme do seu comportamento usual, minha querida.
Luce
olhou em volta do quarto, com toda a circulação livre de champanhe, para a
extravagante mesa giratória de Cam, para a globo espelhado rodando acima das
cabeças, pedaços de estrelas no rosto de todo mundo.
— Onde
que eles conseguem todas essas coisas?
— As
pessoas dizem que Roland pode colocar qualquer coisa dentro da Sword &
Cross — Penn disse naturalmente. — Não que
eu já tenha perguntado para ele.
Talvez
seja isso que Ariane quis dizer quando ela disse que Roland sabia como
conseguir coisas. A única coisa fora dos limites má o suficiente que Luce podia
imaginar era perguntar sobre um celular. Mas então... Cam havia dito para não
ouvir Ariane sobre os trabalhos secretos da escola. O que teria sido bom,
exceto que boa parte dessa festa parecia ser cortesia de Roland.
Quanto
mais ela tentava desvendar suas questões, menos coisas se encaixavam. Ela provavelmente
só estava chocada por estar “dentro” o suficiente para ser convidada para
festas.
— Certo,
todos vocês rejeitados — Roland disse, lentamente, para
ter a atenção de todo mundo. O toca-discos tinha acalmado para o estático entre
músicas. — Nós vamos começar o espaço aberto da noite, e eu estou solicitando
pessoas para o karaokê.
— Justin Bieber — Ariane piou através de suas mãos.
— Não! — Justin
piou de volta, sem perder o ritmo.
— Aw, o
silencioso Bieber sente-se fora — Roland
falou, no microfone. — Você tem certeza que não quer
fazer sua versão de Hellhound on My Trail?
— Eu
creio que essa é sua música, Roland — Justin
replicou.
Um
sorriso se espalhou pelos seus lábios, mas Luce sentiu que era um sorriso
embaraçado, um sorriso de alguém-por-favor-pegue-os-holofotes.
— Ele tem
um ponto, galera — Roland riu. — Eu acho
que o karaokê Robert Johnson sabe como limpar uma sala — ele
arrancou um álbum de R.L. Burnside da pilha e colocou toca-discos do canto. — Vamos
para o Sul de vez.
Enquanto
as notas de um baixo e de uma guitarra elétrica começavam, Roland assumiu o
centro do palco, que estava apenas a poucos metros quadrados do espaço
iluminado pela luz da lua, no meio do quarto. Todos em volta estavam batendo
palma ou batendo os pés no tempo, mas Justin estava olhando para seu relógio.
Ela continuava vendo a imagem dele assentindo para ela no lobby mais cedo
aquela noite, quando Cam a convidou para a festa.
Se ela
apenas pudesse ficar a sós com ele...
Roland
estava monopolizando a atenção dos convidados, que apenas Luce percebeu quando,
no meio da canção, Justin levantou-se, moveu-se em torno de Molly e Cam, e saiu
silenciosamente pela porta.
Essa
era a chance dela. Enquanto todos a sua volta estavam aplaudindo, Lucy
levantou-se devagar.
— Bis! — Ariane
gritou. Então, percebendo Luce se levantar da cadeira, ela disse: — Oh,
espertinha, é a minha garota se levantando para cantar?
— Não!
Luce
não queria cantar nesse quarto cheio de pessoas tanto quanto ela não queria
admitir a razão pela qual ela estava se levantando no meio da primeira festa
dela na Sword & Cross, com Roland empurrando o microfone abaixo de seu queixo.
E agora?
— Eu...
Eu só estou me sentindo mal por, uh, Todd. Porque ele está perdendo isso.
A voz
de Luce ecoou de volta para ela por cima dos alto-falantes. Ela já estava
lamentando sua mentira ruim, e o fato de que não havia retorno agora.
— Eu acho
que vou descer e ver se ele já terminou com o Sr. Cole.
Nenhum
dos outros jovens parecia saber o que fazer com isso. Apenas Penn falou,
timidamente:
— Volta
rápido!
Molly
estava dando um sorriso afetado para Luce.
— Amor
nerd — ela disse, fingindo uma falsa síncope — tão
romântico.
Espera,
eles achavam que ela gostava de Todd? Oh, quem liga – a única pessoa que Luce
não queria que pensasse isso era a única pessoa que ela estava tentando seguir
do lado de fora.
Ignorando
Molly, Luce fugiu para a porta, onde Cam a encontrou com os braços cruzados.
— Precisa
de companhia? — ele perguntou, esperançoso.
Ela
balançou a cabeça. Em outra situação, ela provavelmente gostaria da companhia
de Cam. Mas não agora.
— Eu
volto logo.
Antes
que pudesse registrar o desapontamento no rosto dele, ela deslizou para o
corredor. Após o burmurinho da festa, o silêncio soou em suas orelhas. Levou um
segundo antes que ela pudesse perceber vozes logo na curva do corredor.
Justin.
Ela reconheceria essa voz em qualquer lugar. Mas ela não tinha certeza quem
estava falando com ele. Uma garota.
— Hmm...
Desculpe.
Qualquer
coisa que ela tenha dito... Com um som nasalado sulista. Gabbe? Justin havia
saído para ver a loira e escovada Gabbe?
— Isso
não vai acontecer de novo — Gabbe continuou — eu
juro...
— Isso
não pode acontecer de novo — Justin sussurrou, mas seu tom
praticamente gritava — você prometeu que estaria aqui e
você não estava.
Onde?
Quando? Luce estava agonizando. Ela avançou ao longo do corredor, tentando não
fazer barulho.
Mas os
dois caíram no silêncio. Luce podia imaginar Justin pegando a mão de Gabbe.
Podia imaginar ele inclinando-se para ela em um longo, profundo beijo. Uma
camada de inveja a consumiu em volta do peito de Luce. Do outro lado do
corredor, um deles suspirou.
— Você vai ter que confiar em
mim, querido — ela escutou Gabbe dizer, em uma voz que fez Luce decidir de uma só vez
que a odiava. — Eu sou a única que você vai ter.Continua...
Oie genteee, espero que vocês estão gostando de Fallen, dei uma passada aqui, para divulgar um blog de uma leitora, então gente por favor, se vocês poderem, da uma passadinha lá, ok ?
(http://imaginebelieberhotjbieber1994.blogspot.com.br/)
continua
ResponderExcluirVou sim :)
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