![](http://33.media.tumblr.com/tumblr_mah08gKZl01qb6tofo1_r1_500.png)
Luce parou no cruzamento entre o cemitério ao norte do campus e o caminho para o lago ao sul.
Era o início da noite e os trabalhadores da construção tinham ido para casa. Uma luz atravessou um ramo de carvalho atrás do ginásio, lançando sombras no gramado manchado que levava ao lago. Tentando Luce a ir na direção dele. Ela não tinha certeza se devia ir.
Manteve duas cartas em suas mãos. A primeira, de Cam, era a desculpa que ela estava esperando, e um pedido para que se encontrasse com ele depois da escola para conversar. A segunda, de Justin, não dizia nada mais que “Me encontre no lago”. Ela não podia esperar. Seus lábios ainda formigavam por seu beijo da noite de ontem. Não podia tirar esse pensamento dos dedos dele em seus cabelos, ou os lábios dele em seu pescoço, para fora de sua cabeça.
Outras partes da noite estavam borradas, como o que tinha acontecido depois de ter se sentado ao lado de Justin na praia. Comparada com a forma que suas mãos tinham tocado seu corpo nem dez minutos antes, Justin parecia quase apavorado ao tocá-la. Nada podia tirá-lo de seu torpor. Ele continuava murmurando a mesma coisa uma e outra vez.
— Algo deve ter acontecido. Algo mudou.
E olhando para ela com dor em seus olhos, como se ela tivesse a resposta, como se ela tivesse alguma ideia do que suas palavras significavam. Por fim, ela adormeceu em seu ombro, olhando o suave oceano.
Quando despertou horas depois, ele estava levando-a para cima, de volta a seu quarto. Ela ficou perplexa ao perceber que tinha dormido todo o caminho de volta até a escola – e mais perplexa pelo estranho resplendor no corredor. Estava de volta. A luz de Justin. Na qual ela não sabia se ele podia ver.
Tudo ao seu redor estava banhado de uma luz violeta. Os letreiros brancos colados nas portas de outros estudantes tinham um tom neon. O sombrio azulejo linóleo parecia brilhar. A janela de vidro com vista para o cemitério tinha tomado um brilho violeta nos primeiros raios do sol lá fora.
Tudo isso diretamente sob os olhos dos vermelhos.
— Estamos bem encrencados — ela sussurrou, nervosa e ainda meio adormecida.
— Não estou preocupado com os vermelhos — Justin disse calmamente, seguindo seus olhos até as câmeras.
A princípio, suas palavras eram tranquilizantes, mas depois ela começou a notar um tom preocupado em seu tom de voz: se Justin não estava preocupado com os vermelhos, estava preocupado com outra coisa.
Quando a deixou sobre a cama, ele a beijou ligeiramente na testa, então deu uma profunda inspiração.
— Não desapareça — ele disse.
— Não existe modo de isso acontecer.
— Eu falo sério — ele fechou os olhos com um longo tempo. — Descanse um pouco agora, mas me encontre pela manhã antes das aulas. Quero falar com você. Promete?
Ela apertou suas mãos para puxá-lo até ela para um último beijo. Ela segurou o rosto dele entre suas mãos e se derreteu neles. Cada vez que seus olhos cintilavam, os dele estavam observando-a. E ela amava isso.
Por fim, ele se afastou, e parou na porta olhando-a, seus olhos ainda com essa intensidade para fazer com que seu coração corra tão rápido como quando a tinha beijado momentos antes. Quando ele deslizou-se pelo corredor e fechou a porta atrás dele, Luce se afundou no sonho mais profundo.
Tinha dormido em suas aulas pela manhã e despertou quase a tarde sentindo-se viva e renascida. Não importava que ela não tivesse desculpa por faltar às aulas. Só preocupada que tivesse perdido seu encontro com Justin. Ela devia encontrá-lo logo que pudesse, e ele entenderia.
Por volta das duas em ponto, quando finalmente lhe ocorreu que devia comer alguma coisa ou talvez aparecer na aula de religião da Sra. Sophia, ela se arrastou para fora da cama. Isso foi quando viu os dois bilhetes que tinham sido jogados por baixo da porta, o qual a ajudou com o seu objetivo de logo sair do quarto.
Ela tinha que ir falar com Cam primeiro. Se fosse ao lago antes de ir ao cemitério, ela sabia que não seria capaz de deixar Justin. Se fosse primeiro ao cemitério, seu desejo de ver Justin faria com que ela tivesse coragem suficiente para dizer a Cam as coisas que a deixou tão nervosa para dizer antes. Antes que tudo se voltasse tão horrível e fora de controle na última noite.
Sacudindo seus medos por vê-lo, Luce passou através do pátio até o cemitério. O início da noite estava quente, e o ar era pegajoso com a umidade. Iria ser uma dessas noites sufocantes quando a brisa do distante oceano nunca ficava tão forte para refrescar. Não tinha ninguém fora do campus, e as folhas das árvores estavam quietas. Luce podia ter sido a única coisa em Sword & Cross que estava se movendo. Todos seriam liberados das aulas, agrupados no refeitório para jantar, e Penn – e possivelmente outros – estariam se perguntando onde estava Luce até agora.
Cam estava encostado no portão enferrujado do cemitério quando ela chegou. Os joelhos dele recostados no ferro esculpido em forma de videiras, seus ombros curvados para frente. Estava recolhendo um dente de leão com a ponta de aço da bota grossa e preta. Luce não podia recordar tê-lo visto tão intensamente consumido – na maioria do tempo Cam parecia que tinha um grande interesse no mundo ao seu redor. Mas desta vez, nem sequer olhou para cima até que ela estava em frente a ele. E quando a viu, seu rosto ficou pálido. Seu cabelo estava alisado sobre sua cabeça e ela estava surpreendida de notar que ele precisava se barbear. Seus olhos rolaram até seu rosto, como se focar suas feições exigisse algum esforço. Seu olhar destroçado, não pela luta, mas simplesmente com se ele não tivesse dormido há dias.
— Você veio.
Sua voz era rouca, mas suas palavras terminaram com um pequeno sorriso.
Luce trocou os pesos, pensando que ele não estaria sorrindo por mais tempo. Ela assentiu e segurou o bilhete dele.
Ele alcançou sua mão, mas ela retirou o braço, fingindo que precisava da mão para tirar os cabelos de seus olhos.
— Pensei que estaria zangada pela outra noite — ele disse, afastando-se da porta.
Deu uns passos para o cemitério, depois sentou com as pernas cruzadas em um pequeno banco de mármore cinza entre a primeira fila de lápides. Limpou a sujeira e folhas quebradas, depois deu uma palmada no lugar vazio ao lado dele.
— Zangada?
— É por isso que geralmente as pessoas saem dos bares.
Ela sentou olhando-o, com as pernas cruzadas também. Daqui, ela podia ver a ponta dos ramos dos enormes e velhos carvalhos no centro do cemitério, onde ela e Cam tiveram seu piquenique à tarde que parecia que tinha sido a muito tempo atrás.
— Não sei. Mais como desconcertada. Confundida, talvez. Decepcionada.
Ela estremeceu ante a recordação dos olhos daquele sujeito miserável quando ele a agarrou, o alvoroço dos punhos de Cam, o intenso teto de sombras...
— Por que me levou lá? Sabe o que aconteceu quando Jules e Phillip escaparam.
— Jules e Phillip eram uns idiotas que cada movimento era monitorado através de pulseiras. Claro que seriam pegos — Cam sorriu sombriamente, mas não para ela. — Não somos como eles, Luce. Acredite. Além do mais, eu não estava tentando me meter em outra briga. — Ele esfregou as têmporas, e sua pele ao redor dela se enrugou, parecendo duro e muito magro. — Simplesmente não podia suportar a maneira com aquele cara falou com você, tocou em você. Você merece ser tratada com o maior cuidado.
Seus olhos verdes se ampliaram.
— Eu quero ser aquele quem fará isso. O único.
Ela colocou seu cabelo atrás de sua orelha e respirou profundamente.
— Cam, você parecer ser um cara legal.
— Oh, não — ele cobriu seu rosto com as mãos. — Não o discurso de dispensado. Espero que não me diga que deveríamos ser amigos.
— Não quer ser meu amigo?
— Sabe que eu quero ser mais que um amigo — ele disse, cuspido a palavra amigo como se fosse um palavrão. — É Bieber, não é?
Ela sentiu seu estômago se contrair. Ela achou que não era tão difícil de descobrir isso, mas esteve tão envolvida em seus sentimentos, que quase não teve tempo para considerar o que Cam pensava deles dois.
— Você realmente não conhece nenhum de nós — disse Cam, ficando de pé e caminhando — mas está preparada para escolher agora, uh?
Era presunção dele assumir que ainda estava na jogada. Especialmente depois da noite passada. Que ele pudesse pensar que tinha algum tipo de competição entre ele e Justin. Então Cam ficou de joelhos diante dela no banco. Seu rosto estava diferente – suplicante, seria – enquanto pegava suas mãos entre as dele.
Luce estava surpresa de vê-lo tão decidido.
— Desculpe — ela disse, retirando-se. — Simplesmente aconteceu.
— Exatamente! Simplesmente aconteceu. O que foi, deixe-me adivinhar – na noite passada ele olhou pra você de uma forma romântica. Luce está apresando-se em tomar uma decisão antes de ao menos saber o que está em jogo. Poderia ser... uma aposta alta — ele suspirou ante o confuso olhar no rosto dela. — Eu poderia fazê-la feliz.
— Justin me faz feliz.
— Como pode dizer isso? Ele nem sequer se atreve a tocá-la.
Luce fechou os olhos, recordando a junção de seus lábios à noite passada na praia. Os braços de Justin envolvendo-a. Todo o mundo parecia tão bem, tão harmonioso, tão seguro. Mas quando ela abriu seus olhos, Justin não estava em nenhum lugar.
Era apenas Cam.
Ela limpou sua garganta.
— Sim, ele fará isso. Ele fez isso.
Suas bochechas ficaram quentes, Luce pressionou uma fria mão contra elas, mas Cam não percebeu. As mãos dele se curvaram em punhos.
— Foi planejado.
— A maneira como Justin me beijou não é assunto seu — ela mordeu o lábio, furiosa. Ele estava zombando dela.
Cam sorriu.
— Oh? Posso fazer isso tão bem quanto Bieber — ele disse, pegando a mão dela e beijando a parte de trás antes que deixá-la cair abruptamente a seu lado.
— Não foi nada como isso — Luce disse, virando-se.
— Que tal isso então?
Os lábios dele roçaram sua bochecha antes que ela pudesse afastá-lo.
— Errou.
Cam lambeu seus lábios.
— Está me dizendo que Justin Bieber realmente te beijou da forma que você merece ser beijada?
Algo em seus olhos verdes começaram a ficar cheios de ódio.
— Sim. O melhor beijo que recebi.
E embora esse tenha sido o único beijo real que ela recebeu, Luce sabia que se voltasse a perguntar daqui a sessenta anos, cem anos, ela diria a mesma coisa.
— E mesmo assim, você está aqui — Cam falou, sacudindo a cabeça em descrença.
Luce não gostou do que ele estava insinuando.
— Só estou aqui para dizer a verdade sobre mim e Justin. Para que saiba que você e eu...
Cam deu uma gargalhada, uma risada alta e vazia que ecoou através do cemitério vazio. Ele riu tão forte e por um bom tempo, se agarrou seus ombros e enxugou uma lágrima de seus olhos.
— O que é tão engraçado?
— Você não tem nem ideia — ele respondeu, ainda rindo.
O tom de “você não entenderia”, de Cam não estava muito longe do que Justin usou a noite passada quando, quase inconsolavelmente, ele seguia repetindo, “é impossível”. Mas a reação de Luce com Cam foi muito diferente. Quando Justin a tinha irritado, ela se sentia mais atraída por ele. Mesmo quando eles discutiam, ela adorava estar com Justin mais do que ela queria estar com Cam. Mas quando Cam a fez sentir com uma intrusa, ela ficou aliviada. Ela não queria ficar mais perto dele.
De fato, agora ela se sentia muito perto.
Ela teve o bastante. Batendo seus dentes, se levantou e caminhou até os portões, irritada consigo mesma por desperdiçar tanto tempo com ele. Mas Cam a agarrou, ficando em frente a ela, e bloqueando a saída. Ele ainda estava rindo dela, mordendo seu lábio, tentando não rir.
— Não vá.
Ele riu.
— Deixe-me em paz.
— Ainda não.
Antes que ela pudesse pará-lo, Cam a pegou em seus braços e a inclinou em um mergulho tão arrebatador que seus pés saíram do chão. Luce gritou, lutando por um momento, mas ele sorriu.
— Solte-me!
— Bieber e eu temos travado uma luta justa até agora, não acha?
Ela olhou para ele, as mãos empurrando contra seu peito.
— Vá para o inferno.
— Está entendendo mal — ele disse, levando seu rosto mais perto dela.
Seus olhos verdes encarando-a e ela odiava ainda que uma parte ainda se sentia arrastada por seu olhar.
— Olhe, sei que as coisas ficaram loucas nos últimos dias — ele disse em voz baixa — mas me preocupo com você, Luce. Profundamente. Não o escolha antes de me deixar ter um beijo.
Ela sentiu os braços dele apertarem-se ao redor dela, e de repente, ela estava assustada. Estavam fora de vista da escola, e ninguém sabia onde ela estava.
— Isso não mudará nada — ela rebateu, tentando parecer calma.
— Faça a minha vontade? Finja que sou um soldado e você está me concedendo meu último desejo. Prometo. Só um beijo.
A mente de Luce foi para Justin. Ela o imaginou esperando no lago, mantendo suas mãos ocupadas atirando pedras na água, quando deveria tê-la em seus braços. Ela não queria beijar Cam, mas e se ele realmente não a deixasse ir? O beijo podia ser a mínima coisa, a coisa mais insignificante. A maneira mais fácil de fugir. E então ela seria libertada de volta para Justin. Cam tinha prometido.
— Só um beijo — ela começou, mas os lábios dele estavam juntos ao seu.
Seu segundo beijo em dois dias. Quando beijou Justin foi faminto e quase desesperado, o beijo de Cam era gentil e muito perfeito, como se ele tivesse praticado em centenas de garotas antes dela.
E mesmo assim, ela sentia algo em suas veias, querendo que ela respondesse, tomando a raiva que sentia apenas alguns segundos antes e convertendo-se em nada. Cam ainda tinha as costas dela inclinada em seus braços, equilibrando todo o peso dela em seu joelho. Ela sentiu-se segura em suas fortes e capazes mãos. E ela precisava se sentir segura. Era uma mudança de, bem, cada momento quando não estava beijando Cam. Ela sabia que estava esquecendo algo, ou alguém... quem? Ela não podia lembrar. Só havia o beijo, e os lábios dele, e ... de repente, ela se sentiu caindo. Ela bateu contra o chão tão forte que o ar escapou dela. Apoiando-se com seus braços, ela viu que, a poucos centímetros de distância, o rosto de Cam em contato com o chão. Ela estremeceu. O sol do entardecer produzia uma luz fraca em duas figuras no cemitério.
— Quantas vezes terá que arruinar esta garota?
Luce escutou um sotaque lento do sul.
Gabbe? Ela olhou para cima, piscando pela luz do sol.
Gabbe e Justin.
Gabbe correu para ajudá-la a ficar de pé, mas Justin nem sequer a olhou nos olhos.
Luce xingou em voz baixa. Ela não podia saber o que era pior – que Justin tinha acabado de vê-la beijando Cam, ou o que ela tinha certeza – Justin iria brigar com Cam outra vez.
Cam parou e os encarou, ignorando Luce completamente.
— Muito bem, quem de vocês dois vai brigar comigo desta vez? — ele grunhiu.
Desta vez?
— Eu — disse Gabbe, dando um passo para frente com suas mãos na cintura. — Esse primeiro golpezinho de amor foi meu, Cam querido. O que você vai fazer a respeito?
Luce sacudiu a cabeça. Gabbe tinha que está brincando. Certamente isto era uma espécie de jogo. Mas Cam não achou nenhuma graça. Ele cerrou seus dentes e enrolou as mangas, erguendo os punhos e movendo-se para frente.
— De novo Cam? — Luce falou. — Não teve brigas suficientes durante esta semana?
Como se não fosse o bastante, ele iria realmente bater em uma garota.
Ele deu um desses sorrisos de lado.
— O charme da terceira vez — ele disse, sua voz soltando malícia.
Ele virou quando Gabbe veio até ele com um chute alto até seu queixo. Luce recuou enquanto Cam caía. Seus olhos estavam fechados e ele agarrou seu rosto. Parando em cima dele, Gabbe parecia tão inabalável como se ela apenas puxasse um bolo de pêssego perfeitamente cozido do forno. Ela olhou para suas unhas e suspirou.
— Será uma lástima ter que te dar uma surra justo quando acabo de fazer minha unha. Oh bem — ela disse, avançando para chutar Cam repetidamente no estômago, deleitando-se com cada chute igual uma criança ganhando um jogo.
Ele ficou curvado. Luce não podia ver mais seu rosto – estava enterrado entre seus joelhos – mas ele estava gemendo de dor e afogando-se em sua própria respiração. Luce parou e olhou de Gabbe para Cam e para Gabbe novamente, incapaz de falar o que estava vendo. Cam era o dobro do tamanho dela, mas Gabbe parecia ter vantagem. Ainda ontem, Luce tinha visto Cam vencer aquele cara no bar. E na outra noite, do lado de fora da biblioteca, Justin e Cam pareciam ter forças semelhantes. Luce se maravilhou com Gabbe, com seu vestido de arco-íris mantendo seu cabelo para trás em um rabo de cavalo alto.
Agora ela tinha Cam preso ao chão e estava torcendo o braço dele para trás.
— Tio? — ela chamou. — Basta dizer a palavra mágica, docinho, e eu deixarei você ir.
— Nunca — Cam cuspiu no chão.
— Estava esperando que dissesse isso.
Gabbe empurrou fortemente a cabeça dele na terra.
Justin colocou a mãos no pescoço de Luce. Ela relaxou contra ele e olhou para longe, aterrorizada de ver sua expressão. Ele deve odiá-la agora.
— Eu sinto muito — ela sussurou. — Cam, ele...
— Por que viria aqui para encontrá-lo?
Justin parecia ferido e furioso ao mesmo tempo. Ele pegou o queixo de Luce para fazer com que o visse. Seus dedos estavam gelados contra a pele dela. Seus olhos eram cor de mel novamente, não cinzas.
O lábio de Luce tremeu.
— Pensei que podia cuidar disso. Ter uma conversa honesta com Cam pra que você e eu pudéssemos estar juntos e não ter que nos preocupar com mais nada.
Justin bufou, e Luce percebeu o quão estúpida devia parecer.
— Aquele beijo... — ela disse, torcendo as mãos. Ela queria cuspi-lo de sua boca. — Foi um grande erro.
Justin fechou os olhos e se virou. Duas vezes ele abriu a boca para dizer alguma coisa, então pensou melhor. Pegou seu cabelo entre as mãos e a agitou.
Observando-o, Luce temia que ele fosse chorar. Finalmente, ele a pegou nos braços.
— Está irritado comigo?
Ela enterrou seu rosto no peito dele e respirou o doce cheiro de sua pele.
— Só estou feliz de termos chegado a tempo.
O som dos gemidos de Cam fez com que os dois voltassem a ver. Então fizeram uma careta. Justin pegou a mão de Luce e tentou afastá-la, mas ela não conseguia tirar os olhos de Gabbe, que tinha Cam em uma chave de braço e nem ao menos parecia que estivesse fazendo força. Cam parecia derrotado e patético. Simplesmente não fazia sentido.
— O que esta acontecendo, Justin? — Luce sussurrou. — Como Gabbe pode bater em Cam? Por que ele está deixando ela fazer isso?
Justin meio suspirou, meio sorriu.
— Ele não está deixando ela fazer isso. O que você está vendo é só a mostra do que essa garota pode fazer.
Ela balançou a cabeça.
— Não entendo. Como...
Justin acariciou sua bochecha.
— Você pode dar um passeio comigo? Vou te explicar, mas acho que provavelmente deveria se sentar.
Luce tinha muitas coisas para descobrir sobre Justin. Ou se não descobrisse, pelo menos para jogar conversa fora, para ver se ele mostrava sinais de pensar que ela fosse completamente e verificavelmente uma transtornada. Aquela luz violeta, uma das coisas. E os sonhos que ela não podia – não queria – parar.
Justin a guiou para a parte do cemitério onde Luce jamais esteve, um claro e plano lugar onde dois pessegueiros tinham crescido juntos. Seus troncos inclinados em direção um do outro, formando um contorno de um coração no ar debaixo deles. A levou para o estranho, enroscado emparelhamento dos galhos e pegou a mão dela, entrelaçando seus dedos com os dele.
A noite estava silenciosa, exceto pelas canções dos grilos. Luce imaginou todos os outros estudantes no refeitório. Comendo purê de batata em suas bandejas, bebendo leite na temperatura ambiente através de um canudo. Era como se, de repente, ela e Justin estivessem em um lugar diferente do resto da escola. Tudo, exceto as mãos dele envolvendo-a, seu cabelo brilhando na luz do entardecer do sol, seus quentes olhos cor de mel– todo o resto parecia tão distante.
— Não sei por onde começar — ele disse, apertando mais forte enquanto massageava os dedos dela como se dali pudesse tirar a resposta. — Há tanto o que dizer, e tenho que dizer direito.
Por muito que ela quisesse que as palavras de Justin fossem uma simples confissão de amor, Luce sabia que não era assim. Justin tinha algo difícil para dizer, algo que talvez pudesse explicar muito sobre ele, mas também poderia ser difícil para Luce escutar.
— Talvez faça algo do tipo tenho boa e má noticia? — ela sugeriu.
— Boa ideia. Qual você quer primeiro?
— A maioria das pessoas querem a boa notícia primeiro.
— Talvez — ele disse. — Mas você está muito longe de ser a maioria das pessoas.
— Ok, ficarei primeiro com a má notícia.
Ele mordeu o lábio.
— Então me prometa que não irá antes que eu chegue à boa notícia.
Ela não tinha planos para sair. Não agora que ele não a estava afastando. Não quando ele podia estar a ponto de oferecer algumas respostas da longa lista de perguntas com que ela estava obcecada nas últimas semanas.
Ele levou as mãos dela ao seu peito e a segurou-as contra seu coração.
— Vou dizer a verdade. Não acreditará em mim, mas merece saber, mesmo se isso matar você.
— Ok — um pequeno nó de dor se apoderou de Luce, e ela podia sentir seus joelhos começando a tremer.
Ela estava contente de que Justin a fez sentar. Ele olhou para trás, para frente, depois respirou profundamente.
— Na Bíblia...
Luce grunhiu. Não pôde evitar; ela tinha uma má reação instintiva das aulas na Escola Dominical. Além do mais, ela queria discutir sobre eles dois, não sobre parábolas moralistas. A Bíblia não tinha todas as respostas para nenhuma de suas perguntas sobre Justin.
— Apenas escute — ele disse, olhando para ela. — Na Bíblia, você sabe como Deus fez uma grande coisa sobre como todo mundo deveria amá-lo com toda a sua alma? Que tem que ser incondicional, e incomparável?
Luce deu de ombros.
— Eu acho que sim.
— Bem — Justin parecia estar procurando as palavras certas. — Esse pedido não se aplica somente às pessoas.
— A que se refere? A quem mais? Aos animais?
— Às vezes, com certeza — Justin disse. — Como a serpente. Ela foi amaldiçoada depois que tentou Eva. Condenada a arrastar-se pela terra para sempre.
Luce estremeceu, pensando em Cam. A serpente. Seu piquenique. Esse colar. Ela esfregou seu pescoço limpo, feliz de ter se livrado dele.
Ele correu seus dedos sobre o cabelo dela, ao longo do seu queixo, até o pescoço. Ela suspirou, em um estado de felicidade.
— O que estou tentando dizer... acho que poderia dizer que eu também estou amaldiçoado, Luce. Fui amaldiçoado por um longo, longo tempo — ele falou como se as palavras tivessem um gosto amargo. — Eu fiz uma escolha uma vez, uma escolha que eu acreditava que... eu ainda acredito, embora...
— Não entendo — ela disse, balançando a cabeça.
— Claro que não — Justin concordou, deixando-se cair no chão ao lado dela. — Eu não tenho o melhor histórico de explicar isso para você.
Ele coçou a cabeça e baixou o tom de sua voz, como se estivesse falando para sim mesmo.
— Mas tudo o que posso fazer é tentar. Aqui vai.
— Ok.
Ele a estava confundindo, e nem sequer tinha dito alguma coisa ainda. Mas ela tentou agir menos perdida do que realmente se sentia.
— Apaixonei-me — ele explicou, pegando suas mãos e segurando-a fortemente. — De novo e de novo. E em cada vez, terminando em catástrofe.
“De novo e de novo” suas palavras a deixaram mal. Luce fechou os olhos e retirou sua mão. Ele já tinha dito isso. Naquele dia no lago. Que ele teve rompimentos. Que tinha sido magoado. Por que mencionar aquelas outras garotas agora? Tinha doído antes e doía muito mais agora, como uma fina dor em suas costelas. Ele apertou os dedos dela.
— Olhe para mim — ele pediu. — Está é a parte difícil.
Ela abriu os olhos.
— A pessoa por quem me apaixonei cada vez era você.
Ela esteve segurando sua respiração, e queria exalar, mas saiu como um fino e cortante sorriso.
— Claro, Justin — ela disse, começando a se levantar. — Uau, realmente está amaldiçoado. Isso soa horrível.
— Escute.
Ele a puxou de volta para baixo com uma força que fez com que seus ombros vibrassem. Seus olhos brilhavam com mel e ela podia dizer que ele estava ficando irritado.
Bem, ela também. Justin olhou para a copa das árvores, como se pedisse ajuda.
— Estou te implorando, me deixe explicar — sua voz tremeu. — O problema não é amar você.
Ela tomou uma respiração profunda.
— Então o que é?
Ela se forçou a ouvir, para ser mais forte e não se sentir magoada. Justin parecia como se já estivesse magoado o suficiente pelos dois.
— Eu vou viver para sempre — ele revelou.
As árvores sussurravam ao redor dele, e Luce observou uma fraca sombra pelo canto do olho. Não a doentia e consumidora turbulência de escuridão do bar na outra noite, mas um aviso. A sombra estava mantendo distância, girando friamente ao virar na esquina, mas ela estava esperando. Por ela. Luce sentiu um profundo calafrio percorrendo seus ossos. Ela não podia se desfazer da sensação de que algo colossal, negro como a noite, algo final estava a caminho.
— Desculpe — Luce arrastou seus olhos de volta para Justin. — Poderia, hum, repetir esta última parte?
— Eu viverei para sempre — ele repetiu.
Luce ainda estava perdida, mas ele continuou falando, um fluxo de palavras saia de sua boca.
— Eu vou viver, e verei os bebês nascerem, crescerem, e apaixonarem-se. Verei eles terem seus próprios bebês e envelhecer. Os verei morrer. Estou condenado, Luce, ver isso de novo e de novo. Todos exceto você.
Seus olhos estavam vidrados.
Sua voz baixou até um sussurro.
— Você... não se apaixona.
— Mas... — ela sussurrou. — Eu me apaixonei.
— Você não têm bebês e envelhece Luce.
— Por que não?
— Você vem a cada dezessete anos.
— Por favor...
— Nos encontramos. Sempre nos encontramos, de alguma forma sempre somos jogados juntos, não importa onde eu vou, não importa quanto tente me manter afastado de você. Nunca importou. Você sempre me encontra.
Ele estava olhando para seus punhos fechados agora, parecendo como se quisesse bater em alguma coisa, incapaz de levantar os olhos.
— E cada vez que nos encontramos, você se apaixona por mim...
— Justin...
— Eu posso resistir ou fugir de você ou tentar não corresponder, mas não faz nenhuma diferença. Você se apaixona por mim, e eu por você.
— Isso é tão terrível?
— E isso mata você.
— Pare com isso! — ela gritou. — O que você está tentando fazer? Me assustar?
— Não — ele bufou. — De qualquer jeito não funcionaria.
— Se você não quer ficar comigo... — ela disse, esperando que tudo fosse uma elaborada brincadeira, um discurso de rompimento para terminar todos os discursos de rompimentos, e não a verdade — ...existe provavelmente uma história que seria mais criativa para contar.
— Sei que você não pode acreditar em mim. É por isso que não podia dizer até agora, quando eu tenho que dizer. Porque pensei que eu entendia as regras e... nos beijamos, e agora não entendo nada.
Suas palavras na noite passada voltaram para ela: Não sei como parar isso. Não sei o que fazer.
— Porque você me beijou.
Ele assentiu.
— Você me beijou e quando terminamos, você estava surpreso.
Ele assentiu de novo, tendo a graça de olhar um pouco envergonhado.
— Você me beijou — Luce continuou, procurando uma forma de juntar todas as peças — e pensou que eu não iria sobreviver?
— Baseado em experiências anteriores — ele disse em voz rouca. — Sim.
— Isso é uma loucura.
— Não é sobre o beijo desta vez, isso é sobre o que significa. Em algumas vidas podemos beijar, mas na maioria não — ele tocou a bochecha dela, e ela lutou com o bem que sentia. — Devo dizer que prefiro as vidas em que podemos beijar — ele olhou para baixo. — Embora isso faz com que seja muito mais difícil ao te perder.
Ela queria estar irritada com ele. Por inventar uma história tão bizarra quando eles deveriam estar presos em um abraço. Mas algo havia ali, como uma coceira no fundo de sua mente, dizendo-lhe que não saísse correndo de Justin agora, mas ficar por perto e escutar tanto quanto pudesse.
— Quando você me perde — ela disse, sentindo a forma da palavra em sua boca. — Como acontece? Por quê?
— Depende de você, quanto mais você consegue olhar o nosso passado, o quão bem você me conhece, quem eu sou — ele atirou suas mãos para cima dando de ombros. — Sei que isso soa incrivelmente...
— Louco?
Ele sorriu.
— Eu iria dizer vago. Mas não estou tentando esconder nada de você. É só um assunto, muito, muito delicado. Às vezes, no passado, só falando assim... — ela observou a forma das palavras em seus lábios, mas ele não falou nada.
— Me matou?
— Eu iria dizer partiu meu coração.
Ele estava em uma dor óbvia, e Luce queria reconfortá-lo. Ela podia sentir-se arrasada, algo em seu peito puxando para frente. Mas não podia. Foi quando ela sentiu com certeza que Justin sabia da brilhante luz violeta. Que ele tinha tudo haver com isso.
— O que você é? — Ela perguntou. — Algum tipo de...
— Eu vago pela Terra sempre sabendo no fundo da minha mente que você virá. Eu costumava procurar por você. Mas então, quando comecei a me esconder de você – da inevitável ferida no coração – você começou a me seguir. Não levou muito tempo para perceber que você vinha a cada dezessete anos.
O décimo sétimo aniversário de Luce tinha sido em Agosto passado, duas semanas antes de se matricular na Sword & Cruz. Foi uma celebração triste, apenas Luce, seus pais, e um bolo comprado. Não havia velas, só por precaução. E quanto a família dela? Eles voltam a cada dezessete anos também?
— Não é o tempo suficiente para superar a última vez. Só o tempo suficiente para poder baixar a guarda de novo.
— Então sabia que eu iria chegar? — Ela perguntou com dúvida.
Ele olhava sério, mas ainda assim ela não podia acreditar. Ela não queria.
Justin balançou a cabeça.
— Não o dia que você apareceu. Não dessa forma. Não se lembra da minha reação quando a vi? — ele olhou para cima, como se estivesse pensando nisso. — Nos primeiros segundos de cada vez, sempre fico tão eufórico. Me esqueço de mim mesmo. Então eu me lembro.
— Sim — ela disse lentamente. — Você sorriu, e então... é por isso que você deu dedo pra mim?
Ele franziu o cenho.
— Mas se isso acontece a cada dezessete anos, como você diz, você sabia que eu ainda viria. Em certo sentido, você sabia.
— É complicado, Luce.
— Eu vi você naquele dia, antes que você me viesse. Você estava rindo com Roland do lado de fora de Augustine. Estava rindo tão intensamente que fiquei com ciúmes. Se você sabia tudo isso, Justin, se era tão inteligente para prever quando vou chegar, e quando vou morrer, e quão difícil isso tudo será para você, como você podia sorrir assim? Não acredito em você — ela disse, sentindo que sua voz tremia. — Não acredito em nada disso.
Justin gentilmente pressionou seu polegar nos olhos dela para limpar uma lágrima.
— Esta é uma linda pergunta, Luce. Amo você por tê-la feito, e desejo que pudesse explicá-la de uma forma melhor. Tudo o que posso dizer é isso: A única maneira de sobreviver a eternidade é ser capaz de apreciar cada momento. Isso é tudo o que eu estava fazendo.
— Eternidade — Luce repetiu. — Outra coisa que não posso entender.
— Não importa. Não posso sorrir assim outra vez. Assim que você aparece, estou preso a você.
— Não tem sentido no que diz.
Luce esperava ir antes que ficasse muito escuro. Mas a história era muito mais que sem sentido. Todo o tempo que ela esteve na Sword e Cross, acreditou que estava louca. Sua loucura emparelhava com a de Justin.
— Não existe um manual para poder explicar esta... coisa a garota que amo — ele suplicou escovando o cabelo dela com os dedos. — Estou fazendo o melhor que posso. Quero que acredite em mim, Luce. Que eu preciso fazer?
— Conte-me uma história diferente — ela disse amargamente. — Invente uma desculpa normal.
— Você mesma disse que sentia como se me conhecesse. Tentei negar isso tanto o quanto pude porque sabia que isto aconteceria.
— Parecia que eu te conhecia de algum lugar, certo — agora sua voz estava mais perto do medo. — Como do Shopping ou do Acampamento de Verão ou algo assim. Não de outra vida.
Ela balançou a cabeça.
— Não... não posso.
Ela cobriu os ouvidos. Justin os descobriu.
— E ainda assim, você sabe em seu coração que é verdade. —Ele deu uma palmadinha em seus joelhos e a olhou diretamente nos olhos. — Você sabia quando eu te segui até no topo do Corcovado no Rio, quando você queria ver a estátua de perto. Você sabia quando te carreguei duas milhas até o Rio Jordão depois que ficou doente em Jerusalém. Te disse que não comesse todas aquelas tâmaras. Você sabia quando você foi minha enfermeira naquele hospital italiano durante a Primeira Guerra Mundial, e antes disso, quando me escondi do Czar em seu porão durante a purificação em San Petersburgo. Quando escalei a torre de seu castelo na Escócia durante a Reforma, e dancei com você de novo e de novo na coroação do Rei no baile em Versalles. Você era a única vestida de negro. Lá estava naquela colônia de artistas em Quitana Roo, a na marcha protestante em Cape Town onde ambos passamos a noite na prisão. A inauguração do Teatro Globo em Londres. Nós tínhamos os melhores lugares da casa. E quando meu navio naufragou no Taiti, você estava lá, como também estava quando eu era um condenado em Melbourne, um batedor de carteiras em Nimes no século XVIII e um monge no Tibet. Você aparecia em toda parte, sempre, e cedo ou tarde você pressentia todas as coisas que acabo de te dizer. Mas você não se permitia aceitar que o que você sentia podia ser verdade.
Justin parou para recuperar o fôlego e passou seu olhar sobre ela, sem ver. Então ele se aproximou, pressionando sua mão no joelho dela e enviando-lhe esse fogo através dela de novo.
Ela fechou os olhos e quando os abriu, Justin estava segurando a mais perfeita peônia branca. Praticamente brilhava. Ela virou para ver de onde ele tinha arrancado, como ela não a percebeu antes. Havia apenas as ervas daninhas e as polpas podres de frutas caídas. Eles seguraram a flor juntos.
— Você sabia disso quando recolhia peônias brancas todos os dias por um mês no verão em Helston. Recorda?
Ele a olhou, como se estivesse tentando vê-la por dentro.
— Não — ele suspirou depois de um momento. — Claro que não. Eu te invejo você por isso.
Mas enquanto ele dizia isso, a pele de Luce começou a sentir-se quente, como se estivesse respondendo as palavras que seu cérebro não sabia compreender. Parte dela já não tinha certeza de nada.
— Eu faço todas essas coisas — Justin disse, inclinando-se até que suas testas se tocaram — porque você é meu amor, Lucinda. Para mim, você é tudo o que há.
O lábio inferior de Luce estava tremendo. Suas mãos se afrouxaram nas dele. As pétalas das flores caiam entre seus dedos até o chão.
— Então por que você parece tão triste?
Isso tudo foi muito para até mesmo começar a pensar. Ela se afastou de Justin e levantou, tirando as folhas e as gramas de seus jeans. Sua cabeça estava dando voltas. Ela tinha vivido antes?
— Luce.
Ela acenou para ele.
— Acho que preciso ir a algum lugar, sozinha, para descansar.
Ela recostou seu peso em um pessegueiro. Sentia-se fraca.
— Você não está bem — ele disse, levantando e pegando a mão dela.
— Não.
— Sinto muito — Justin suspirou. — Não sabia o que eu esperava que acontecesse te dizendo tudo isso. Eu não devia...
Ela nunca pensou que podia chegar um momento que precisasse de um tempo de Justin, mas ela tinha que se afastar dali. Pela maneira que ele a estava olhando, podia dizer que ele queria que ela dissesse que o encontraria mais tarde, que iriam falar mais sobre as coisas, mas ela já não tinha certeza se essa era uma boa ideia. Quanto mais falava, mais ela sentia que algo estava despertando dentro dela – algo que não estava segura de estar pronta.
Ela não se sentia mais uma louca – e também não tinha certeza se Justin estava. Para outra pessoa, sua explicação podia fazer menos e menos sentido enquanto ele falava. Para Luce... ela não tinha certeza ainda, mas e se as palavras de Justin eram as respostas que podiam explicar o sentido de toda a sua vida? Ela não sabia. Ela se sentia mais assustada do que jamais esteve antes.
Ela agitou a mão dele, soltando-se e começou a se afastar para seu dormitório. Deu uns passos, ela parou e lentamente se virou.
Justin não tinha se movido.
— O que foi? — ele perguntou, levantando o queixo.
Ela parou onde estava, distante dele.
— Prometo que estarei por perto, tempo bastante para escutar as boas notícias.
O rosto de Justin relaxou em quase um meio sorriso. Mas havia algo atormentado em sua expressão.
— A boa notícia é... — ele fez uma pausa, escolhendo cuidadosamente suas palavras: — Eu beijei você, e você ainda está aqui.
Continua...
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