No topo da escada estava uma parede reta de tijolos. Becos sem saída de qualquer tipo sempre fazia Luce sentir-se claustrofóbica, e este era ainda pior devido à faca pressionada em sua garganta. Ela se atreveu a olhar de volta para a íngreme subida que elas tinham escalado. Daqui, parecia uma queda muito longa e dolorosa.
A Srta. Sophia estava falando em outra língua outra vez, murmurando em voz baixa enquanto ela habilmente abria outra porta secreta. Ela empurrou Luce em uma pequena capela e trancou aporta atrás delas. Estava gelado lá dentro e cheirava esmagadoramente a pó calcário. Luce lutava para respirar, para engolir a saliva irritadiça em sua boca.
Penn não podia estar morta. Tudo isso não podia ter acontecido. A Srta. Sophia não podia ser tão má. Justin disse para confiava na Srta. Sophia. Ele disse para ir com ela até que ele pudesse encontrar-se com Luce...
A Srta. Sophia não prestou atenção a Luce, simplesmente caminhou ao redor da sala, acendendo velas atrás de velas, curvando-se por cada uma, e continuava cantando em uma língua que Luce não conhecia. Em um abrir e fechar de olhos revelou-se que a capela estava limpa e bem conservada, o que significava que não tinha passado muito tempo desde que alguém mais esteve aqui. Mas certamente a Srta. Sophia era a única pessoa no campus que teria uma chave para uma porta secreta. Quem mais sabia que este lugar existia?
O teto de telhas vermelha era inclinado e irregular. Largas tapeçarias desbotadas cobriam as paredes, representando imagens arrepiantes de criaturas metade homem, metade peixe lutando em um oceano revolto. Havia um pequeno altar branco na frente e algumas filas de bancos de madeira simples ordenados ao longo do piso de pedra cinza. Luce procurou ao redor desesperadamente por uma saída, mas não havia outras portas nem janelas. As pernas de Luce estavam tremendo de raiva e medo. Ela estava em agonia por Penn, traída e deixada sozinha ao pé da escada.
— Por que você está fazendo isso?— Ela perguntou, apoiando-se contra as portas arqueadas da capela. — Confiei em você.
— Essa é sua culpa, querida— a Srta. Sophia disse, rudemente torcendo o braço de Luce. Em seguida, o punhal estava de novo em seu pescoço e ela estava sendo guiada até um corredor da capela. — A confiança é uma ocupação negligente, na melhor das hipóteses. Na pior das hipóteses, é uma boa forma de ser assassinada.
A Srta. Sophia empurrou Luce em direção ao altar.
— Agora seja boazinha e deite-se, sim?
Porque a faca ainda estava muito próxima de sua garganta, Luce fez o que ela ordenou. Ela sentiu um pouco de frio em seu pescoço e levantou sua mão para tocá-lo. Quando levantou o dedo, as pontas estavam vermelhas com pontos de sangue onde a lâmina a tinha picado. A Srta. Sophia bateu em sua mão.
— Se pensa que isso é ruim, deveria ver o que está perdendo lá fora — ela disse, fazendo Luce estremecer.
Justin estava lá fora.
O altar era uma plataforma quadrada branca, um único pedaço de pedra não tão maior que Luce. Ela sentia frio e desespero, exposta em cima dele, imaginando os bancos sendo preenchidos por fiéis sombrios esperando que sua tortura começasse. Olhando para cima, ela viu que havia uma janela nesta capela cavernosa, uma longa roseta de vidro como uma clarabóia no teto. Tinha um complicado desenho floral geométrico, com rosas vermelhas e roxas contra o fundo azul-marinho. Teria sido muito mais bonito para Luce se tivesse oferecido uma vista lá de fora.
— Vejamos, onde parei... ah, sim!— a Srta. Sophia foi para baixo do altar e voltou com uma comprida e grossa corda. — Não se mova, agora— pediu, agitando a faca em direção a Luce.
Então ela prendeu Luce a quatro buracos na superfície do altar. Primeiro cada tornozelo, em seguida, os pulsos. Luce tentou não contorcer-se pela dor enquanto era amarrada como uma espécie de sacrifício.
— Perfeito! — exclamou a Srta. Sophia, dando-lhe confusos nós, puxando firme.
— Você planejou tudo isso— Luce percebeu, perplexa.
A Srta. Sophia sorriu tão docemente, como fez no primeiro dia que Luce tropeçou ao entrar na biblioteca.
— Eu diria que não é nada pessoal, Lucinda, mas na verdade, é — ela gargalhou. — Estive esperando por muito tempo para este momento a sós com você.
— Por quê? O que você quer de mim?
— De você, só quero eliminá-la. É Justin quem quero libertar.
Ela deixou Luce no altar e moveu-se até um átrio próximo dos pés de Luce. Levantou o livro de Gregori e começou a folhear rapidamente as páginas. Luce relembrou o momento quando ela abriu o livro e viu seu rosto ao lado de Justin pela primeira vez. Como finalmente chegou a ela que ele era um anjo. Até então ela não sabia praticamente nada, mas mesmo assim tinha certeza de que a fotografia significava que ela e Justin podiam ficar juntos.
Agora isso parecia impossível.
— Você só fica lá desmaiando sobre ele, não é?— Srta. Sophia perguntou. Ela fechou o livro e bateu o punho na capa do livro. — Este é precisamente o problema.
— Qual é o problema com você? — Luce se debatia contra as cordas que a sujeitavam no altar. — O que importa o que Justin e eu sentimos um pelo outro, ou quem de nós dois namora em primeiro lugar?
Esta psicopata não tinha nada haver com eles.
— Gostaria de ter uma conversa com quem pensou que colocar o destino de todas as nossas almas imortais nas mãos de um par de crianças apaixonadas era uma ideia tão brilhante— ela levantou um punho e agitou no ar. — Eles querem que o equilíbrio seja direcionado? Eu mostrarei a eles a direção do equilíbrio.
A ponta de sua adaga brilhava à luz da vela. Luce tirou os olhos da faca.
— Você é louca.
— Se querer um final para a mais longa e sangrenta batalha já travada significa que estou louca — no tom da Srta. Sophia estava implícito que Luce era uma estúpida por ainda não saber o que era tudo isso — que assim seja.
A ideia de que a Srta. Sophia pudesse dizer algo sobre o final de uma batalha não encaixava na cabeça de Luce. Justin estava lutando uma batalha lá fora. O que estava acontecendo aqui não podia se comparar com isso, independentemente da Srta. Sophia ter passado para o outro lado.
— Disseram que seria o Inferno na Terra — Luce murmurou. — O Fim dos Dias.
A Srta. Sophia começou a rir.
— Parece ser dessa forma para você agora. É tão surpreende assim que eu seja um dos mocinhos, Lucinda?
— Se está do lado bom — Luce soltou— não parece uma guerra que vale a pena lutar.
A Srta. Sophia sorriu, como se ela estivesse esperado essas mesmas palavras.
— Sua morte pode ser o empurrão que Justin precisa. Um pequeno empurrão na direção certa.
Luce se retorceu no altar.
— Você... você não me machucaria.
A Srta. Sophia se aproximou, e colocou seu rosto perto. O aroma artificial de talcos velhos de bebê chegou ao nariz de Luce, dando-lhe náuseas.
— É claro que eu faria— Srta. Sophia respondeu, balançando a selvagem prata borbulhante de seu bagunçado cabelo. — Você é o humano equivalente a uma enxaqueca.
— Mas eu voltarei. JUstinme disse— Luce engoliu saliva. Em dezessete anos.
— Oh, não, você não voltará. Não desta vez. Naquele primeiro dia que você entrou na minha biblioteca, vi algo em seus olhos, mas não conseguia saber o que era— ela sorriu para Luce. — Conheci você muitas vezes antes, Lucinda, e a maioria das vezes, era absolutamente chata.
Luce ficou tensa, sentindo-se exposta, como se estivesse nua no altar. Uma coisa era Justin ter encontrado-a em outras vidas – mas outros a tinham conhecido também?
— Desta vez— a Srta. Sophia continuou— desta vez tem algo a margem. Uma chama genuína. Mas não foi até esta noite, esse lindo erro de seus agnósticos pais.
— O que tem meus pais?
— Bem, querida, a razão pela qual volta de novo e de novo é porque todas as outras vezes em que nasceu, era iniciada em uma crença religiosa. Desta vez, quando seus pais optaram por não batizá-la, eles efetivamente deixaram sua pequena alma exposta para os outros— ela deu de ombros dramaticamente. — Sem o ritual de boas-vindas em uma religião, equivale a não reencarnação para Luce. Uma pequena, mas essencial curva em seu ciclo.
Podia ser isso o que Ariane e Gabbe estiveram insinuando no cemitério? A cabeça de Luce começou a latejar. Um véu de pontos vermelhos apoderou-se de sua visão e começou um zumbido em seus ouvidos. Ela piscou lentamente, sentindo até mesmo essa pequena escova de seus cílios fecharam-se como uma explosão através de sua cabeça. Ela estava quase feliz que já estava deitada. De outra maneira teria desmaiado.
Se este era realmente o final... bem, não podia ser.
A Srta. Sophia inclinou-se mais perto do rosto de Luce, enviando cuspe com suas palavras.
— Quando você morrer esta noite, você morre. É isso aí. Acabado. Nesta vida não é mais do que aparenta ser: uma estúpida, egoísta, ignorante garotinha mimada que acredita que o mundo vive ou acaba dependendo se ela consegue sair com algum galã da escola. Mesmo se sua morte não completar algo tão esperado, glorioso e grande, ainda encontraria sabor ao matá-la.
Luce observou quanto a Srta. Sophia levantou a faca e tocou o dedo em sua lâmina. A cabeça de Luce revirou. Durante todo o dia, havia tanto o que processar, tantas pessoas dizendo-lhe coisas diferentes. Agora o punhal estava pressionado contra seu coração e os olhos verdes vibrantes outra vez, sentiu a Srta. Sophia sondando ao longo de seu peito pelo espaço entre suas costelas, e pensou que havia alguma verdade no enlouquecedor discurso da Sra. Sophia.
Colocar tanta esperança no poder do amor verdadeiro – no qual ela sentia que estava dificilmente no princípio de um vislumbre dela mesma – era ser ingênua? Afinal, o amor verdadeiro não podia ganhar aquela batalha lá de fora. Podia não ser capaz de salvá-la de morrer aqui neste altar.
Mas tinha que acreditar. Seu coração ainda batia por Justin– e até que isso mude, algo no fundo de Luce acreditou neste amor, no poder de convertê-la em uma versão melhor de se mesma, de transformar ela e Justin em algo glorioso e bom – Luce gritou quando o punhal picou sua pele –então em estado de choque enquanto a janela de vidro sobre sua cabeça, parecia quebrar e o ar ao redor dela se encheu de luz e ruído.
Um vazio, precioso zumbido. Um brilho ofuscante. Então, ela tinha morrido.
O punhal tinha ido mais fundo do que ela sentiu. Luce movia-se para o próximo lugar. De que outra forma podia explicar as brilhantes, reluzentes formas pairando sobre ela, descendo do céu, a cascata de brilhos, o brilho do céu? Era difícil ver algo claramente na cálida luz prateada. Deslizando sobre sua pele, parecendo um veludo macio, como o glacê sobre um bolo. As cordas segurando seus braços e suas pernas foram soltas, então, liberadas, e seu corpo – ou talvez sua alma – estava livre para voar no céu.
Mas então ela escutou a Srta. Sophia gritando:
— Ainda não! Está acontecendo muito rápido!
A velha mulher tinha afastado a adaga do peito de Luce.
Luce piscou rapidamente. Seus pulsos estavam desamarrados. Seus tornozelos, livres. Haviam pequenos fragmentos de vidro tingido de azul, vermelho, verde e ouro em toda sua pele, o altar, o chão embaixo dela. Eles picaram enquanto ela os afastou, deixando finos rastros de sangue em seus braços. Ela apertou os olhos para o buraco enorme no teto.
Não estou morta, então, fui salva. Por anjos.
Justin tinha vindo por ela. Onde ele estava? Ela mal podia ver. Queria caminhar através da luz até que seus dedos pudessem encontrá-lo, fechar ao redor de seu pescoço, e nunca, nunca, nunca deixá-lo ir.
Só havia as vivas formas ofuscantes à deriva acima e ao redor do corpo de Luce, como uma sala cheia de penas brilhantes. Eles reuniram-se com ela, cuidando de seu corpo nos lugares em que o vidro quebrado a cortou. Flashes de luz transparente que pareciam de alguma forma lavar o sangue de seus braços e no pequeno corte em seu peito, até que estava completamente restaurada.
A Srta. Sophia correu até a parede mais afastada e estava batendo com as mãos desesperadamente contra os tijolos, tentando encontrar a porta secreta. Luce queria impedi-la – fazê-la pagar pelo que fez, e pelo o que quase tinha feito – mas então parte da cintilante luz prateada assumiu o tom mais leve de violeta e começou a formar o contorno de uma figura.
Um brilhante pulsar fez vibrar a sala. Uma luz tão gloriosa que podia ter eclipsado o sol fez com que as paredes tremessem e as velas piscassem nos candelabros de bronze. As assustadoras tapeçarias batiam contra a parede. A Srta. Sophia se encolheu, mas o resplendido estremecimento parecia como uma profunda mensagem, sentida bem no fundo dos ossos de Luce. E quando a luz se condensou, espalhando calor por toda a sala, converteu-se na forma que Luce reconhecia e adorava.
Justin parou diante dela, de frente ao altar. Ele estava sem camisa, descalço, vestido somente calças de linho branco. Ele sorriu, então fechou seus olhos e colocou seus braços para o lado. Então, lentamente e com muita cautela, como se não quisesse assustá-la, exalou profundamente e suas asas começaram a alongar-se.
Saindo gradualmente, começando da base de seus ombros, dois ramos brancos estendendo-se de suas costas, crescendo mais e mais, tornando-se maiores e mais grossos enquanto espalhavam por suas costas acima e para fora. Luce viu as bordas recortadas, ansiando segui-las com suas mãos, suas bochechas, seus lábios. A parte interior das asas dele começou a brilhar com iridescência de veludo. Assim como em seu sonho. Só que agora, quando finalmente voltou a realidade, ela podia olhar suas asas pela primeira vez sem sentir-se enjoada, sem forçar os olhos. Ela podia deleitar-se com toda a glória de Justin.
Ele ainda estava brilhando, como se tivesse uma luz dentro dele. Luce ainda podia ver claramente seus olhos cor de mel e sua boca. Suas mãos fortes e ombros largos. Ela podia aproximar-se e enrolar-se na luz do amor.
Ele se aproximou dela. Luce fechou os olhos quando o tocou, esperando algo muito sobrenatural para que seu corpo humano pudesse suportar. Mas não. Era o simplesmente, tranquilizantemente, Justin.
Ela o contornou e passou seus dedos em volta das asas dele. As procurou nervosamente,como se pudessem queimá-la, mas elas fluíram em seus dedos, mais suaves que o mais suave veludo, a mais macia almofada. Da forma como ela gostava de imaginar que uma suave e sedosa nuvem pareceria se ela pudesse tê-la entre suas mãos.
— Você é tão... lindo — ela sussurrou em seu peito. — Digo, sempre foi lindo, mas isto...
— Isso te assusta?— ele sussurrou. — Dói olhá-las?
Ela balançou a cabeça.
— Pensei que poderia — ela respondeu, pensando sobre seus sonhos. — Mas não dói.
Ele suspirou aliviado.
— Quero que se sinta segura comigo— a luz brilhante ao redor deles caiu como confete, e Justin a puxou para ele. — É muito com o que lidar.
Ela inclinou sua cabeça para trás e deixou os lábios entreabertos, ansiosa para fazer exatamente isso. A batida forte de uma porta os interrompeu. A Srta. Sophia tinha encontrado as escadas. Justin deu um ligeiro aceno e uma figura resplandecente disparou através da porta secreta, atrás da mulher.
— O que foi isso? — Luce perguntou, olhando o rastro de luz rapidamente desvanecendo-se através da porta aberta.
— Um ajudante — Justin guiou seu queixo de volta.
E então, mesmo Justin estando com ela e Luce se sentia amada, protegida e segura, ela também sentiu uma pontada ácida de incerteza, recordando as coisas escuras que tinham acontecido, e Cam e seu enorme ajudante negro. Ainda havia muitas perguntas sem respostas atravessando sua mente, tantos acontecimentos terríveis que ela sentia que nunca seria capaz de entender. Como a morte de Penn, pobre, doce e inocente Penn, o quase violento final. Isso assustou Luce, e seu lábio começou a tremer.
— Penn se foi, Justin— ela contou. — A Srta. Sophia a matou. E por um momento, pensei que também me mataria.
— Jamais deixaria isso acontecer.
— Como sabia que me encontraria aqui? Como sabe sempre como me salvar?— ela balançou a cabeça. — Oh por Deus— ela sussurrou lentamente enquanto a verdade a golpeava.— Você é meu anjo da guarda.
Justin deu uma risada.
— Não exatamente. Embora acredite que você esteja me elogiando.
Luce corou.
— Então, que tipo de anjo você é?
— Estou fazendo uns bicos neste momento.
Atrás dele, as luzes prateadas na sala uniram-se e se dividiram ao meio. Luce virou para vê-la, seu coração batendo fortemente, enquanto o brilho finalmente se juntou, enquanto envolvia a figura de Justin, envolvia duas formas distintas: Ariane e Gabbe.
As asas de Gabbe já estavam estendidas. Elas eram longas, felpudas e três vezes o tamanho de seu corpo. Coberta de plumas, com bordas suavemente onduladas, da maneira como as asas dos anjos pareciam nos cartões de felicitações e nos filmes, com apenas um toque de rosa-pálido em torno das pontas. Luce percebeu que estavam batendo-se ligeiramente – e que os pés de Gabbe estavam a poucos centímetros do chão.
As asas de Ariane eram mais suaves, mais elegantes e com bordas mais pronunciadas, quase como uma borboleta gigante. Parcialmente translúcidas, elas brilhavam e emitiam prismas ofuscantes de luz no chão de pedra debaixo delas. Como Ariane, elas eram estranhas, sedutoras e totalmente agressivas.
— Deveria ter sabido— Luce disse, um sorriso arrebatador em seu rosto.
Gabbe sorriu de volta, e Ariane fez uma pequena reverência.
— O que está acontecendo lá fora? — Justin perguntou, registrando a expressão de preocupação no rosto de Gabbe.
— Precisamos tirar Luce daqui.
A batalha. Ainda não tinha terminado? Se Justin, Gabbe e Ariane estavam aqui, eles deveriam ter ganhado... certo? Os olhos de Luce deram uma olhada rápida para Justin. A expressão dele não revelou nada.
— E alguém deve ir atrás de Sophia — Ariane falou. — Ela não poderia ter trabalhado sozinha.
Luce tragou saliva.
— Ela está do lado de Cam? É um tipo de... demônio? Um anjo caído?
Era um dos poucos termos que grudou nela da aula da Srta. Sophia.
Os dentes de Justin estavam pressionados. Inclusive suas asas pareciam rígidas pela fúria.
— Não um demônio — ele murmurou— mas dificilmente um anjo também. Nós pensamos que ela estava conosco. Nunca deveríamos ter permitido que ela se aproximasse tanto.
— Ela era um dos vinte e quatro anciãos — Gabbe acrescentou. Ela baixou os pés no chão e enfiou suas asas rosa-pálido atrás de suas costas para que ela pudesse sentar-se no altar. — Uma posição muito respeitável. Ela manteve esta parte dela muito bem escondida.
— Assim que chegamos aqui, foi como se ela simplesmente tivesse ficado louca — Luce contou.
Esfregou o pescoço onde a adaga tinha cortado.
— Eles estão loucos— Gabbe disse. — Mas muito ambiciosos. Ela é parte de uma seita secreta. Deveria ter percebido antes, mas os sinais são claros agora. Se auto intitulam Os Zhsmaelim. Se vestem iguais, e todos têm uma certa... elegância. Sempre pensei que eles eram mais um show que outra coisa. Ninguém os levou a sério no Céu— ela informou a Luce — mas agora levaram. O que ela fez esta noite merece o exílio. Ela poderia ter feito com Cam e Molly mais do que um acordo.
— Luce, todos somos anjos caídos— Justin explicou. — É só que alguns de nós estamos de um lado... e alguns estão de outro.
— Alguém daqui — ela tragou — é do outro lado?
— Roland— Gabbe disse.
— Roland? — Luce estava perplexa. — Mas vocês eram amigos dele. Sempre tão carismático e legal.
Justin só deu de ombros. Era Ariane quem olhava preocupada. Suas asas batiam tristemente, muito agitada e enviou rajadas de vento.
— Bem o teremos de volta algum dia — ela disse silenciosamente.
— E quanto a Penn? — Luce perguntou, sentindo um nó de lágrimas na parte de trás de sua garganta.
Mas Justin balançando sua cabeça, apertando a mão dela.
— Penn era uma mortal. Uma inocente vítima de uma longa Guerra sem sentido. Sinto muito, Luce.
— Então toda essa luta lá fora...?
A voz de Luce estava embargada. Ela ainda não podia falar de Penn.
— Só uma das muitas batalhas que travamos contra os demônios— Gabbe disse.
— Bem, quem ganhou?
— Ninguém— Justin respondeu amargamente.
Ele pegou um longo pedaço de vidro caído do teto e o arremessou através da capela. Quebrou-se em centenas de pequenos fragmentos, mas não parecia que tivesse aliviado sua raiva.
— Ninguém ganha. É quase impossível para um anjo extinguir outro. É só um monte de surras até que todo mundo se canse e deixe para outra noite.
Luce se assustou quando uma estranha imagem apareceu em sua cabeça. Era Justin sendo atingido diretamente no ombro por um das longas e negras pontas que tinham atingido Penn. Ela abriu os olhos e olhou para o ombro direito dele. Havia sangue em seu peito.
— Está ferido?— ela sussurrou.
— Não.
— Ele não pode ser ferido, ele é...
— O que é isso em seu braço, Justin?—Ariane perguntou, apontando o peito dele. — Isso é sangue?
— É da Penn— Daniel disse bruscamente. — Eu a encontrei ao pé da escada.
O coração de Luce apertou-se.
— Precisamos enterrá-la. Ao lado de seu pai.
— Luce, querida— Gabbe disse, levantando-se. — Queria que houvesse tempo para isso, mas agora nós temos mesmo que ir.
— Não a abandonarei. Ela não tem mais ninguém.
— Luce — Justin falou, esfregando a testa.
— Ela morreu em meus braços, Justin, porque não sabia que havia algo melhor do que seguir a Srta. Sophia até esta câmara de tortura — Luce olhou para todos os três. — Porque nenhum de vocês me disse nada.
— Ok — Justin disse. — Faremos as coisas direito para Penn, o melhor que pudermos. Mas depois temos que ir para longe daqui.
Uma rajada de vento se infiltrou pelo buraco no teto, fazendo com que as velas piscassem e que os pedaços restantes de vidro na janela vermelha se balançassem. No momento seguinte, caiu uma chuva de estilhaços cortantes.
Justo a tempo, Gabbe voou do altar e parou ao lado de Luce. Ela parecia imperturbável.
— Justin tem razão. A trégua que fizemos após a batalha aplica-se só aos anjos. E agora que muitos sabem sobre... — ela pausou, limpando sua garganta... — um, a mudança em seu status de mortalidade, há muitos maus elementos que estarão interessados em você.
As asas de Ariane a levantaram do chão.
— E muitos dos bons virão afastá-los— ela disse, voando em direção ao outro lado de Luce como se isso a tranquilizasse.
— Ainda não entendo— Luce falou. — Por que isso importa tanto? Por que eu importo tanto? É só porque Justin me ama?
Justin suspirou.
— Isso faz parte disso, tão inocente como soa.
— Você sabe que todos amam odiar um casal de pombinhos apaixonados — Ariane respondeu.
— Querida, esta é uma longa história — Gabbe respondeu, a voz da razão. — Nós só podemos te dar um capítulo de cada vez.
— É como as minhas asas— Justin acrescentou— você terá que descobrir por sua conta.
— Mas por quê?
Esta conversa era tão frustrante. Ela se sentiu como uma garotinha, só lhe contariam as coisas quando fosse mais velha.
— Por que você não pode me ajudar a entender?
— Podemos ajudar — Ariane respondeu — mas não podemos descarregar tudo em você de uma só vez. Assim como quando se supõe que nunca se deve acordar um sonâmbulo. É muito perigoso.
Luce colocou seus braços ao redor dela.
— Me mataria— ela disse, expressando as palavras que todos eles evitavam.
Justin colocou suas mãos ao redor dela.
— Isso aconteceu antes. E você já teve muito encontros com a morte por uma noite.
— E o quê? Agora só tenho que deixar a escola? —ela virou para Justin.— Aonde você vai me levar?
Sua sobrancelha se levantou, e afastou o olhar dela.
— Não posso levá-la pra lugar nenhum. Chamaria muita atenção. Teremos que contar com mais alguém. Há um mortal no qual podemos confiar.
Ele olhou para Ariane.
— Irei trazê-lo.
Ariane se levantou.
— Não deixarei você— Luce disse a Justin. Seus lábios tremendo. — Acabo de ter você de volta.
Justin beijou sua testa, emitindo um calor que passava através do corpo dela.
— Luce, nós ainda temos algum tempo.
Continua...
Oi mylenna tudo bem?? Espero q sim.Aki e a Gabii sua parceira kkkk primeiro me chama no whats?? Perdi teu numero :(( segundo posta my little princess nerd logo??
ResponderExcluirKkk ta otimo sua fic